sábado, 17 de dezembro de 2011

A Última Viagem

Ai, que saudade sentem aqueles que ficam, quando se parte, sem aviso ou sinal, para a última viagem!


Hoje faleceu Cesaria Evora.

Ela não estará doravante nem um milímetro mais longe ou mais perto do que sempre esteve de mim, que nunca tive a sorte de vê-la pessoalmente... mas a falta aumenta.

É como aquele amigo que mora longe e que viaja. A saudade aumenta só pelo fato de não estar mais acessível no telefone de casa.

O carinho, a admiração e o deleite pela sua voz inebriante, a partir de hoje, aumentam, porque chegou a certeza que nunca a verei.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Big Blue

E por falar na Croácia, preciso contar que essa simpática terra, encantou-me ainda por diversas razões...

...Pelos deliciosos cordeiros, assados inteiros e servidos nos restaurantes à beira da estrada, ora com batatas, ora com alho-poró...



...Pelo jeito descontraído e criativo das pessoas...


Nesse bar, as poltronas são banheiras...


...Pelo deslumbrante pôr do sol.



... Mas eu nuca esquecerei a Croácia, principalmente, pela oprtunidade de ter vivenciado o big blue.

Sugiro, que a partir desse ponto, leia o restante do post, ouvindo essa música:




Quando chegamos em Dubrovnik, ficamos encantados com os promontórios e o hipnotizante mar azul que banha a cidade.





O fascínio chegou a tal ponto, que acabamos decidindo: iríamos mergulhar do promontório naquela imensidão azul.

Não por coincidência, este é o nome em português do filme Le Grand Bleu, do Luc Besson, que assisti há décadas e que, de tão amado, me acompanhou pela vida afora, especialmente sua trilha sonora.

Eu  já tinha visto praias e pedaços de mar deslumbrantes, mas a conjugação do Mar Adriático com os promontórios de Dubrovnik foi simplesmente acachapante.

Preparada para a expedição, partimos para a nossa aventura...




Começa a descida...





Claro que numa situação dessas, o homem vai na frente, né? Afinal, para isso servem também os irmãos...



A experiência foi tão bem sucedida...



...que eu me animei a fazer a minha parte!

Primeiro, experimentar a água...



... e depois, saltar!







A sensação de ter conseguido é inebriante...



Impossível lembrar, sem que venha um sorriso aos lábios.




Nesse mesmo dia, voltamos à noitinha, porque o Carlinhos não se conformava de não ter saltado de cabeça.



Quanto a mim, achei valentia demais... preferi deliciar-me um pouco mais na água densa (é muito fácil boiar lá) e envolvente de Dubrovnik...





PS -  Para quem gosta de Big Blue, tem uma versão da música com cenas do filme.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

De onde vêm os Dálmatas

Os dálmatas, cujos representantes mais ilustres são os cento e um cachorrinhos da Disney, vêm  da região da Dalmácia, ou Dalmacija, na lingua local.

A Dalmácia  é uma região que abrange territórios da Croácia, Bósnia e Herzegovina e Montenegro,  na costa leste do Mar Adriático. 

O Mar Adriático, por sua vez, é um prolongamento do Mar Mediterrâneo, que fica entre a Itália (as costas da bota) e os países da antiga Iugoslávia, na região dos Balcãs.

Embora a Dalmácia interior ocupe uma faixa até cerca de 50 km do mar, a região se estende mesmo pelo litoral, sobretudo da Croácia.



Dessa região, a cidade que mais se destaca é Split.





  
Uma cidade portuária, fortemente construída, ainda antes dos Romanos. A história da região é marcada por sucessivas dominações e rebeliões, mas hoje resta onipotente, na bonita Grad (centro histórico), o Palácio de Diocleciano, onde foi assassinado o último imperador do Império Romano do Ocidente.








A Dalmácia é uma região muito bonita, tanto no interior, onde se vê muita produção agrícola e silvestre, como no belíssimo litoral, onde a costa de promontórios, falésias e água azul muito límpida, fazem a alegria dos turistas. 


 

  



A culinária local é rica em peixes, mariscos e camarões, nas mais variadas formas de serem servidos, sempre acompanhados de muito vinho. De uma garçonete, em Pula, ouvi a seguinte pérola: "Um peixe, para ser bem comido, tem que nadar três vezes: a primeira, na água do mar; a segunda,  no azeite, quando na panela; e a terceira no vinho, no estômago."

Isso demonstra a cordialidade que pude perceber, de uma forma geral, nas pessoas, que, a despeito de todas as dificuldades que enfrentaram (incluindo uma guerra recente), são muito simpáticas e tratam bem os turistas.

Ah! Claro, e ainda têm sua própria cerveja!! 


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domingo, 27 de novembro de 2011

Viagem pelo Quintal

E por falar em viajar sem sair de casa, tenho viajado nos últimos dias pela poesia. Em menos de dez dias, tive duas oportunidades de estar com Alice Ruiz, poetisa que eu admiro muito. A primeira vez foi na Fliporto e, ontem, na Mostra Sesc de Literatura Contemporânea.

Conheci ontem Jardim de Haijin, o novo livro da Alice Ruiz, que é um mimo, de onde pesquei esses haikais:

chuva de flores
um dia inteiro
calçada macia

ao acordar
a cor da flor
dá o tom do dia

manhã de primavera
para toas as flores
dias de estréia


Suspirei, desejando um haikai pras acácias, que já começaram a florir pela cidade toda e têm me encantado e divertido com seu amarelo tão vivo.







No Jardim da Alice não tinha, mas lá pendurado ao lado do dela (os livros estavam pendurados no teto com linhas de nylon e pareciam frutas para serem colhidas) estava Hai-Quintal, da Maria Valéria Rezende.

Hai-Quintal: Haicais Descobertos no Quintal (2010 - Edição 1)

Nele, havia esse:


debaixo da Acácia,
chuva de flores de ouro
retardam meus passos


 
Sossegou meu coração, pois achei que alguém tinha feito minha justa homenagem.

sábado, 26 de novembro de 2011

Aqui, ali e acolá




Esse texto é da Melissa de Andrade, na Mon Quartier de setembro/2010, mas bem que podia ser meu, pois concordo com absolutamente tudo nele:

"Sabe aquela agonia de ir além, de sair do mundinho de sempre, vivenciar outros momentos, respirar outras vizinhanças? Permita-se. Viajar é a melhor coisa que existe. Viajar em livros, em filmes, na internet. Viajar pra cidade do lado, pra cidade lá longe, pra fora do país. De todo jeito é bom.

E que delícia se deixar flanar, perder-se em ruelas sem fim, achar peculiaridades que escaparam aos demais, guardar um pedacinho das terra nova  pra vida toda.Ou até quando importar. Porque não tem suvenir melhor do que as sensações que nos arrebataram e que permanecem vida afora, às vezes sem mudar muito, às vezes mudando bastante, às vezes até se esvaindo no tempo, tem nada não.

E que maravilha sentir um" momento uau", aquele em que o espanto de uma novidade garante um segundo de respiração suspensa, estupefação plena, os sentidos aguçados, visão, olfato, paladar. A certeza de que valeu a pena fazer todos os sacrifícios para estar ali. Experimentar uma conversa com sotaque novo, um jeito diferente de fazer as coisas, uma outra maneira de servir, de misturar os alimentos, de apresentar os lugares. De viver.

Tem gente que viaja sem nunca sair de casa. Tem gente que vive pra viajar, conta os dias pra próxima partida, numa agonia que parece não passar. Tem gente que gosta mesmo é de viajar numa sala de cinema. E tem gente que não dispensa a própria casa para viajar por páginas digitais ou analógicas.

Não importa. O que importa é que a viagem não para em si. Está presente na volta à rotina. Talvez principalmente na volta à rotina. É quando a casa ganha um outro significado, a rua da gente parece um pouco diferente, o dia a dia vai ser vivido de outro jeito. Numa viagem bem vivida, quem parte não é o mesmo que volta. O olhar muda. A perspectiva muda. É bom tirar proveito disso.

E aí o tempo vai passando e chega uma hora que pode vir a sensação de que tudo virou rotina de novo. Que tudo ficou igual de novo. Que a cabeça da gente só está nos afazeres, nos problemas, na rotina. Aí sabe o quê?  Aí talvez seja a hora de planejar uma nova viagem."

sábado, 19 de novembro de 2011

Keep walking...


O Parque Natural da Serra da Estrela fica localizado no
interior de Portugal, a 300 quilômetros de Lisboa e a
200 quilômetros da cidade do Porto.

A caminhada, além de uma das formas de conhecer um lugar, também pode ser um exercício aeróbico e uma ginástica para a alma. Por isso, há pelo mundo todo rotas e trilhas para peregrinos, que cruzam caminhos com os mais diversos objetivos.

Numa das vezes que estive na Serra da Estrela, em Portugal, conheci as trilhas sinalizadas ou percursos terrestres, que me encantaram por serem formas muito organizadas de guiar o andarilho sem alterar o meio ambiente, através de indicações precisas e bem discretas.



Nessa ocasião percorremos os 11km da Rota dos Galhardos, em Folgosinho, que inclui troços (trechos) de calçada romana.

O passante tem condições de saber se está no caminho a que havia se proposto por pequenos sinais coloridos que são postos em pedras, árvores, porteiras, etc, tudo que já compunha o panorama do local.

Percursos Pedestres (PR e GR)

* Percursos Pedestres são caminhos, geralmente em meios naturais e rurais, que estão sinalizados com marcas e códigos internacionalmente conhecidos e aceites
* Os Percursos Pedestres podem ser de "Pequena Rota" (PR) quando não excedem os 30 km de extensão, e são sinalizados a amarelo e vermelho ; ou de "Grande Rota" (GR), com mais de 30 km de extensão, e sinalizados a branco e vermelho.
* A marcação dos Percursos obedece a um conjunto de normas, que em Portugal foram elaboradas pela Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal. Com o intuito de regular a implementação de Percursos Pedestres em Portugal foi criado por esta Federação o "Registo Nacional de Percursos Pedestres" que tem por finalidades:
- Registar os percursos pedestres de todas as entidades que a ela recorram
- Atribuir-lhe numeração
- Fazer a homologação de acordo com os pré-requisitos estabelecidos
- Fazer a sua divulgação a nível nacional e internacional

Algum tempo depois, fomos conhecer Monsanto ("a mais portuguesa das aldeias portuguesas"), com duzentos habitantes, incrustada entre as pedras da Serra da Estrela.



Neste vilarejo, as habitações são construídas sobre as pedras e utilizam as rochas como paredes e até como telhado. Ao passear pelas suas ruas, nos deparamos com os sinais dos percursos a pé, que sinalizavam o caminho do centro até o Castelo da aldeia.

Eu então expliquei às crianças o significado dos sinais e propus que os investigassem para que achássemos o caminho.



A brincadeira foi prontamente aceita e, em pouco tempo, eles já estavam eufóricos, descobrindo o caminho entre as pedras.

A autoconfiança deles aumentava a cada novo sinal descoberto, mostrando o sucesso da empreitada até aquele ponto.





Certamente chegamos ao nosso destino, que era no ponto mais alto da região, o que rendeu aos jovens desbravadores um sentimento de enorme satisfação!!!



...E, para mim, lá no alto da Serra da Estrela, a sensação de que com sinais, que guiam os nossos passos, ou sem eles, usando a intuição como bússola, o melhor que temos a fazer é... keep walking!!!