quinta-feira, 14 de março de 2019

Aurora Boreal ou O que É Invisível aos Olhos 

A visibilidade da Aurora Boreal depende de três fatores indispensáveis:
- Céu claro. Como se trata de um fenômeno que ocorre a mais de cem quilômetros(!!) da superfície da terra, é preciso que não tenha - ou haja poucas e finas - nuvens para não turbar a visão do céu.
 - Escuro. O fenômeno, que acontece muito distante, é sutil e qualquer luminosidade pode diminuir ou impedir sua percepção.
 - Atividade Solar. O fenômeno consiste em partículas do sol, expelidas em virtude das suas explosões, que vem em direção da Terra, mas não atinge a superfície terrestre, pois são impedidas pela atmosfera. As partículas chegam em torno de todo o Globo terrestre, mas são atraídas para os polos morte e sul, em razão da sua polaridade magnética e, por isso, são visíveis nestas regiões.



Conhecer a Aurora Boreal é um desejo antigo, mas como as condições para realizá-lo são bem difíceis, sempre esteve guardado com os outros "desejos difíceis". Recentemente, recebi um convite de uma amiga, para visitarmos as capitais dos países escandinavos. Como eu já as tinha conhecido em oportunidades anteriores, achei que a ocasião era propícia para "ir mais além" e programamos uma estada maior na Noruega, para "caçar" a Aurora Boreal.



 Tromso foi a cidade do Norte da Noruega escolhida para a empreitada, pois fica dentro do Círculo Polar Ártico e reúne boas condições para a observação. Chegamos em março, o último dos meses com noite suficiente (depois vem a época do sol da meia noite, em que o sol não desaparece do horizonte), mas com temperaturas baixas mais toleráveis. Apesar disso, havia muita neve - e nevascas- e o clima trazia nuvens densas e uniformes por todo o céu.



As observações são feitas com empresas que levam os turistas para as montanhas fora da cidade e da sua luminosidade em ônibus aquecidos e com tecnologia para identificar os pontos mais propícios de visualização. Como ficaríamos três noites em Tromso, reservamos o passeio no primeiro dia disponível (o segundo), com a promessa da companhia de que se não víssemos as Northern Lights, teríamos 50% de desconto para uma segunda tentativa.



 Embarcamos com grande expectativa, viajamos horas até recantos bem escuros e distantes, permanecemos longos períodos ao ar livre resistindo ao intenso frio noturno, mas não foi possível visualizar a Aurora Boreal.



Nas horas que ficamos no alto daquelas montanhas, sob aquele manto de nuvens e com os pés enfiados na neve, decidi que não voltaria a tentar no dia seguinte. A razão é a de que a previsão era de que o tempo permaneceria inalterado. 

Nesta primeira tentativa, percebi, mais uma vez, que a riqueza da experiência tinha sido o caminho, o fazer acontecer. Chegar ao Círculo Polar Ártico e enfrentar as condições mais adversas para presenciar a Aurora Boreal foi uma das melhores aventuras que já tive. A Aurora estava lá, bem acima da minha cabeça. Eu apenas senti.

 O que é invisível aos olhos é sentido por uma outra parte do corpo.