sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Curiosidades a respeito dos vinhos - II

Carmenère

Essa eu já tinha ouvido quando visitava a ´Vinícola Concha Y Toro...

"Na encruzilhada de tempo entre os séculos 19 e 20, a praga filoxera devastava sem compaixão os vinhedos da Europa. Entre as cepas sobreviventes, já não se tinha mais a carmenère na lista. Era certa a extinção da uva. Sentença tida como verdade irreversível até meados dos anos 70. Nessa época, após testes motivados para investigar a tipicidade única dos vinhos supostamente feitos com Merlot no Chile, exames de DNA foram aplicados às videiras.

Ao francês Jean-Michel Boursiquot coube a descoberta: o que se tomava (literalmente) como merlot no Chile era, na verdade, a Carmenère. Uma ressurreição logo celebrada em taças mundo afora. Apesar de mudas já terem sido exportadas e a França hoje vinifique timidamente a varietal, o Chile é o único país do mundo com direito legal de ostentar a inscrição carmenère nos rótulos.
O que se deu? Se tecnologia e chuva desta vez não ajudaram, a natureza cuidou de fazer a sua parte. Com a Cordilheira dos Andes de um lado, o Oceano Pacífico no outro, o Deserto de Atacama ao norte e os glaciais ao sul, o Chile tem (se não a maior) uma das maiores proteções fungicidas e bacteriológicas naturais do mundo. A filoxera deu com a cara na porta – ou melhor, na cordilheira. Nunca chegou a encostar numa única videira. A carmenère havia chegado ao Chile no final do século 19, junto às outras cepas européias que deram origem à vinificação no país. E, por mais de setenta anos, permaneceu oculta. Hoje está mais do que evidente. Sobretudo dos vales do Rapel e do Maule, duas destacadas regiões de produção nacional.” (Revista Engenho de Gastronomia nº 12, jun/jul 2006)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Curiosidades a respeito dos vinhos - I

Bordeaux

"Os vinhos franceses de Bordeaux são admirados e desejados em todo o mundo por sua elegância e sofisticação. A região também é conhecida pela beleza de suas propriedades, com suntuosos palacetes entre vinhedos cuidadosamente cultivados. Boa parte desses locais está às margens do estuário de Gironde, formado pela junção dos rios Dordogne e Garonne. Na margem direita estão as regiões de Pauillac, Margaux, St. Julién e St. Etèphe. E, na esquerda, Saint-Émilion e Pomerol, aclamadas áreas de cultivo da delicada e feminina uva merlot.

Saint-Émilion é uma charmosa cidade medieval da França onde nascem alguns dos mais cobiçados tintos do mundo. Mas uma vinícola ali se destaca também por sua  inusitada história: a Domaine de Saint Martin (hoje Chateau Canon), adquirida em 1760 por Jacques Kanon, um famoso pirata francês que usou fundos de saques a navios ingleses no reinado de Luiz XV para comprar as terras.

Depois de construir no local uma elegante moradia, Kanon a cercou por videiras, e somente de videiras - uma prática de agricultura pouco usual na época. Isso foi uma revolução que ajudou a revelar o imenso potencial do local para a produção de vinhos sutis e delicados de grande qualidade.

Mais tarde, a vinícola foi comprada pelo bordalês Raymond Fontémoing e, em 1919, pela família Fournier, que a vendeu para o grupo Chanel em 1996. Desde então, a Canon vem passando por um processo de modenização, mas sem perder as origens - suas galerias subterrâneas, formadas por pedras usadas nas construções de Saint-Émilion, por exemplo, hoje são usadas para acolher as barricas de carvalho e as garrafas de vinhos." (Arthur Azevedo, in TAM nas Nuvens nº 35, Novembro/2010)

PS - O Clos Canon foi escolhido para ser servido a bordo da Primeira Classe da TAM em 2011.