quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Almas rebobinadas

Espantados com a engenhoca, os ignorantes (da tecnologia) argumentavam que as máquinas fotográficas podiam aprisionar a alma das pessoas.

Afastados os excessos de crendices e temores, vejo um fundo de verdade na crença que me faz pensar num ‘condicionamento’. Ainda que almas não possam ser aprisionadas na imagem, os momentos são de tal forma capturados pelas imagens oticamente solidificadas, que as almas são a eles (os momentos) rebobinadas, mediante um simples vislumbre.



Nenhuma explicação – longa ou até completa –  pode dizer sobre um momento como algumas fotos o fazem.

* Foto da Adriana.

4 comentários:

  1. Kakal, lendo o seu post,lembrei de algumas coisas que li sobre fotografia. Uma delas foi um texto de Gaston Bachelard, quando diz que a foto de uma estrela nao é a estrela em si, mas a evocação dela... Wells, André Bazin, no ensaio Ontologia da Imagem Fotográfica, contando da fotografia no início do século, diz que, contrariamente à pintura, em que a mão do pintor influencia a criação, a fotografia e o seu objeto são os mesmos. Para mim isso é bastante controverso, mas configura bastante o pensamento diante da novidade da técnica de registro da imagem. O meu preferido mesmo é Geoff Dyer, menos conhecido e ilustre que os anteriores, mas que escreveu uma história do jazz americano a partir de uma foto. E a respeito ele diz:
    "Fotografias às vezes mexem conosco de forma estranha e simples: num primeiro olhar, você vê coisas que depois descobre não estarem lá. Melhor, quando você olha de novo, percebe coisas que não havia notado inicialmente que estavam lá. (...) O fato de que ela não é como você se lembra é uma das forças da fotografia de Hinton (ou, da mesma forma, de qualquer outra fotografia), porque, apesar de ela representar/descrever somente um segundo, a sensação da fotografia engloba vários segundos em ambos os lados incluídos naquele momento congelado – ou assim parece -, do que acabou de ocorrer ou está para acontecer..." Este trecho é do prefácio a But Beautiful , Geoff Dyer (London: Abacus, 1998). É lindo também qdo ele diz que a fotografia pode ter um som... A sua tem sabor e cheiro e alegria. Bjo!!!

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  2. Sis, a "sua" tem cheiro..., cara pálida???? Quem pariu Mateus, que o embale... hohoho

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  3. Queridas Kakal e Dri,
    Não sei pra quem vai o mérito do cheiro da foto, só sei que senti o cheiro e amei, principalmente do cheiro da cereja da torta...
    Beijo
    Beijo
    Beijo
    Bia

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  4. Hahaha, publicou, adotou!!! Agora ela é sua também!

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