Nas minhas andanças por aí e vivenciando os mais diversos tipos de experiências, percebi que elas podem ser boas, agradáveis, indesejadas, inusitadas, etc... Algumas delas são facilmente traduzíveis ou descritíveis, outras são árduas e difíceis de explicar. Mas tem algumas poucas que são tão intensas que as palavras podem demorar dias, meses e até anos pra chegar e permitir a sua perfeita elaboração.
Essa percepção me veio muito claramente hoje, ao assistir ao programa do Jamie Oliver, gravado em New Orleans. Eu sempre tive vontade de falar da minha visita a Lousiana, mas eu não conseguia traduzir - nem pra mim mesma - o que eu realmente senti. Ao ouvir, entretanto, as impressões de Jamie Oliver, concordei com tudo o que ele disse. Segundo ele, a Lousiana parece um daqueles saquinhos de confeitos de sabores e cores variadas. A gente enche a mão, joga tudo na boca e o resultado é uma explosão de sabores...
A Lousiana é o resultado da conjugação de influências inglesas, francesas, alemãs, espanholas, negras... mas New Orleans, especificamente tem uma preponderância da influência francesa, uma vez que foi fundada por exploradores franceses.
A cidade é famosa pelos seus tradicionais bondes elétricos...
por ser o berço do jazz e pelos concorridos festivais...
pela presença penetrante e silenciosa do Rio Mississipi...
...e seus tradicionais barcos vapores...
...e pela culinária cajun ou creole.
Os pontos marcantes da culinária cajun são "o uso de condimentos fortes, frutos do mar e a incorporação de elementos usados pelos colonizadores espanhóis e franceses, como o presunto. A culinária créole legou para o mundo a jambalaya, prato a base de camarão, linguiça e arroz, preparado ao estilo da paella espanhola."
Eu, particularmente, não tenho restrições a comidas apimentadas - tenho até predileção por pratos sabidamente picantes -, mas experimentar a comida cajun, em New Orleans, foi muito mais do que eu poderia esperar: é o ápice da experiência da ardência a que tive acesso, apesar de extremamente saborosa.
Quando eu lá estive, em 2008, a cidade já se recuperava da devastação do Furacão Katrina e sua brava gente tentava restabelecer a atmosfera lúdica e festiva da cidade. Os habitantes de New Orleans, mais do que nativos orlenianos, são pessoas dos mais variados lugares, que escolhem viver ali. Essas pessoas - como salientou Jamie Oliver - não se amedrontam e fogem, mas resistem e reconstroem o lugar que escolheram para viver, por acolher o seu estilo de vida.
O que eu vi ali foi o mesmo que Jamie Oliver viu e o que se sente ao assistir um filme ali ambientado, chamado A Love Song for Bobby Long: "a state full of people who use food as a way to celebrate life and keep the party going through adversity. "
Ao terminar esse post tenho a impressão de não ter chegado nem perto de descrever a minha experiência na Lousiana. Talvez isso não seja possível. Dizem que "não conhece a Grécia quem não se perde pelas ruas de Atenas", não é? Talvez para se ter a idéia do que seja New Orleans, a pessoa tenha que queimar a língua num prato Cajun, transbordar os ouvidos de trompetes na Bourbon Street, divertir-se com as lojas de bonecos vudus e repousar num barco vapor, ouvindo os múrmúrios e segredos do ancestral rio Mississipi...
Eu não fui a New Orleans...ainda! Mas Bobby Long foi um filme que ficou comigo por vários dias. Seu post o trouxe de volta, assim como a vontade de revê-lo. E de ir a New Orleans, claro! Obrigada pela viagem : )
ResponderExcluirVamos incluir New Orleans no nosso roteiro, sis. :-)
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