sábado, 24 de março de 2012

Vermelho Original

Resolvi fazer uma descarada cópia do post do Leo, porque amei as curiosiddes trazidas por ele.

"Vittore Carpaccio

Um clássico da culinária italiana que sofreu algumas mutações ao longo dos anos, algumas para melhor outras para pior, porem vamos voltar à sua origem lá em Veneza onde surgiu a preciosa iguaria, hoje popularmente cultuada em todo o planeta.

Vittore Carpaccio (1455/65 – 1525/26) pintor Veneziano que durante o século XV participou ativamente da Escola Veneziana que como característica utilizava uma iluminação quente e dourada alem de um colorido intenso nas suas obras. Carpaccio não fugia desta característica retratando com precisão e sensibilidade a vida veneziana do seu tempo. Seu acervo de quadros sob tema “ A Lenda de Santa Úrsula (1490-95) ”, narra a intimidade de uma jovem mulher da aristocracia veneziana de seu tempo. Como se pode notar, a intensidade da cor vermelha presente nestes quadros pode ser também uma pista para o famoso prato.

A história do prato tem inicio com a redescoberta pelos venezianos da obra de Carpaccio. Lá pelos idos 1963 uma exposição da obra do pintor causou impacto na sociedade veneziana virando assunto em todas as rodas sociais. Neste ínterim a condessa Amália Nani de Mocenigo adoeceu e seu médico receitou uma dieta rica em proteínas para combater a enfermidade e aconselhou-a a comer carne crua. Apavorada a condessa procurou seu amigo, dono do Harrys´s Bar, Giuseppe Cipriani, que prontamente desenvolveu um prato que apetecesse a condessa: Cortou pedaços de carne crua em finíssimas laminas, tendo como referencia as fatias de presunto cru, dispôs estas laminas em um prato branco em forma de leque e para temperar utilizou como base uma maionese caseira puríssima, à qual misturou gotas de molho Worcester (inglês), uma pitada de poupa de tomate, creme de leite fresco, gotas de tabasco e cognhac. Como o prato era montado na frente da condessa, a curiosidade dos freqüentadores do Harry´s tornou o prato um enorme sucesso. As laminas extrafinas distribuídas em forma de leque tom sobre tom realçando os tons de vermelho só podiam ser comparados a obra de Carpaccio.

As mutações sofridas ao longo do tempo têm influencia na carne all`albese que leva em seu tempero, alem da base de carne crua, óleo de oliva, parmesão, suco de limão, pimenta do reino, entre outras variações.

Portanto chamar Carpaccio de palmito, de surubim, de abobora, de salmão, entre outras criativas variações seria uma falta de respeito e conhecimento ao velho Vittore Carpaccio.

A Receita do Carpaccio – Original do Harry´s voce encontra clicando AQUI "

Estou louca para voltar a Veneza e conhecer o Harry's Bar!

quinta-feira, 15 de março de 2012

De onde vêm as nozes

E por falar da Locanda delle Noci, esse nome se deve às muitas nozes que são produzidas lá, além de vários outros frutos deliciosos.

As nozes como as conhecemos, contidas num invólucro duro, são o caroço de um fruto de casca verde.




Quando esse fruto amadurece e racha, caem ao solo os tais invólucros duros que conhecemos.

Esses frutos são produzidos por árvores altas e frondosas, chamadas.... nogueiras. (!!!) Sacou?  Nozes... nogueiras.

 

Hohoho. É isso aí. As nozes não nascem nos supermercados!!! :-)


terça-feira, 13 de março de 2012

Comendo Lavanda

Eu sou fascinada por lavandas. Já falei delas aqui antes.

Numa das últimas vezes em que estive na Locanda delle Noci, uma pousada rural de amigos queridíssimos, em Perugia, Itália, trouxe um bocado de flores de lavanda, que tinham sido colhidas.



Desde então e por todo esse tempo, as flores secas de lavanda estiveram num potinho no meu quarto, enquanto eu me perguntava, de tempos em tempos, o que eu poderia fazer com elas.

Eis que passeando pelo Chucrute com Salsicha, deparei-me com uma receita interessantíssima de Gelado de Morango com Lavanda, que tem como ingrediente açúcar de lavanda.

gelado-morangolavanda_1S.jpg

O tal açúcar de lavanda faz-se simplesmente misturando o açúcar com as flores de lavanda, para que estas aromatizem o açúcar! Isso ainda pode ser feito com limão, canela e outras flores...

sugar_flavor_1S.jpg

Eu ainda não fiz o açúcar, nem tampouco experimentei a receita do sorvete aromatizado, mas definitivamente, encontrei uma bela finalidade para as minhas florzinhas de lavanda!

sábado, 3 de março de 2012

A opção de não ter opção

Além das viagens, eu tenho uma outra grande paixão, que é cozinhar. Não digo gastronomia, porque esta palavra induz a uma sofisticação que não é fundamental. O que me encanta é descobrir sabores e preparar alimentos da forma mais prazerosa possível.

Esse blog não é sobre culinária, mas se  alguém quiser ler sobre alimentos e receitas de uma forma encantadora e sensível, visite o Chucrute com Salsicha.

Entretanto, uma provocação fez-me ter vontade de contar aqui um episódio "gastronômico" que me aconteceu e que foi, no mínimo,  muito interessante.

Num dos livros que eu estou lendo, deparei-me com a seguinte frase, que teria sido dita por um francês: "Mas é claro que todo o mundo sabe que os ingleses matam seus cordeiros duas vezes: a primeira no abate, a segunda ao prepará-lo".

Hohoho. Não vou me posicionar sobre o mérito da culinária inglesa, nem tampouco sobre o direito dos franceses de criticá-la. O fato é que um sorriso veio-me aos lábios e fiquei pensando em como cada cultura é orgulhosa de sua própria culinária.

Lembrei-me, então, de que eu e meu irmão estávamos em Genebra, Suiça, com uma baita fome. Quando entramos num ônibus (esse detalhe é importante, para realçar a origem da indicação), perguntei ao motorista se ele conhecia algum restaurante bom por ali. Ele perguntou se queríamos massa ou carne. Como meu irmão animou-se mais com a menção da palavra carne, a escolha foi essa.

Quando chegamos numa esquina e o semáforo fechou, ele abriu a porta e nos disse para descer e ir para o restaurante para o qual apontava. Agredecemos e assim fizemos.

Sentamos numa das mesas da calçada e, depois de algum tempo, pedimos a uma garçonete portuguesa o cardápio.



Qual não foi nossa surpresa, quando ela nos disse que "não havia". (!!!) Como assim? (???) Foi então que ela nos explicou que aquele restaurante só servia um prato. A escolha dos fregueses resume-se a se sentar ou não!

Atônitos, decidimos permanecer e aderir ao menu da casa:

As opções são somente de bebidas e sobremesas.

Isso mesmo: o menu era contra-filé, com o famoso molho da casa, batatas fritas e salada. Dada a singeleza da refeição, nem sequer perguntamos o preço e partimos para os aperitivos.

A salada era de.li.ci.o.sa. A carne e as batatas eram servidas em duas partes. Quando se está quase acabando a pimeira metade da porção, eles trazem a outra metade. Certamente, para que não fique frio. E quanto ao "fameuse sauce"?? Era inacreditavelmente bom. Passei horas tentando identificar os ingredientes, até que desisti e apreciei o momento.




Quando pedimos a conta, descobrimos que aquela refeição seria a extavagância da viagem! Afinal de contas, estávamos na Suiça e os preços lá não são de brincadeira.

Dali a pouco, o ônibus que tinha nos deixado ali passou de novo e o motorista acenou pra nós, perguntando se tínhamos gostado. Sorrimos e gesticulamos que sim. Agradecemos.

Portanto, numa viagem, perguntas feitas a pessoas simples podem - sim - gerar indicações finas e dispendiosas. Afinal, devemos estar sempre preparados pra tudo, né?

A rede dos Restaurantes Le Relais de L'Entrecôte tem origem francesa, com quatro estabelecimentos em Paris e outros no interior.  Em São Paulo, a moda pegou e tem dois restaurantes inspirados no conceito. O L'Entrecôte de Paris e o L' Entrecôte de Ma Tante. A comparação entre ambos, pode ser verificada aqui.

Pesquisando na internet, descobri que tem quem defenda ter descoberto o segredo do molho.  Se alguém quiser tentar, segue a receita:

"Le Entrecôte du Leo

File Mignon 14 unidades
Creme de Leite Fresco 500 ml
Manteiga sem Sal
Mostarda Dijon 2 colhetes de sopa cheias
Fígado de frango 100 gr
Tomilho Fresco uma xícara de chá cheia
Tomilho Seco 1 colher de sopa
Azeite a gosto
Pimenta do Reino a gosto
Cachaça uma dose

Molho:

1) Temperar os fígados com sal pimenta do reino e tomilho seco.
2) Em uma frigideira fritar/grelhar os fígados em manteiga e azeite até ficarem alourados. Adicionar uma dose de cachaça para soltar o fundo. Após evaporar o álcool, processar o fígado e seus sucos até formarem um purê.
3) Em outra frigideira acrescentar manteiga, mostarda, creme de leite e o tomilho fresco, colocar em fogo médio e reduzir a mistura em ¼ do volume original.
4) Adicionar o purê de fígado e misturar lentamente até a homogeneização do molho. Para acertar a viscosidade do molho acrescente manteiga em cubos e água.

Batata:

1) Descascar e cortar em palitos finos. Importante: Não colocar as batatas na água.
2) Fritar em óleo de canola ou girassol em quantidade abundante. Inciar a fritura em fogo baixo e da metade do tempo em diante passar para fogo alto.

Carne:

1) Cortar os bifes na espessura de um dedo ou maior.
2) Seca-los muito bem com papel toalha
3) Temperar com sal fino e pimenta do reino
4) Grelhar no carvão ou em frigideira antiaderente com pouco óleo. Cuidado com a quantidade de peças na frigideira pois se for colocado muitas a carne cozinha ao invés de fritar/grelhar."