O óleo da vida
É muito comum, viajando na Europa, depararmo-nos com campos imensos de oliveiras, principalmente nos países que circundam o Mar Mediterrâneo.
As oliveiras são muito valorizadas desde sempre, mas a colheita das azeitonas implica um bocado de sacrifício, pois são um fruto que não pode ser consumido diretamente , devendo ser antes beneficiado, e precisam ser colhidos durante o rigor do inverno.
Conta-se que foi "Atena, brigando com Poséidon pelo domínio, quem plantou a primeira oliveira nas pedras da Acrópole, proclamando que era o fruto da civilidade. Um fruto como nenhum outro. Ela disse que a carne de uma azeitonas era amarga como o ódio e rara como o verdadeiro amor, que amaciá-la, espremer seu sangue verde-dourado, exigia esforço. A azeitona era como a vida e a luta por ela tornou seu óleo sagrado, pois ele confortava e alimentava o homem do nascimento até a morte. E o óleo da deusa se tornou um elixir. Seus pingos doces e lentos nutriam o queijo de ovelha, uma concha fortalecia as cebolas selvagens cozidas em uma fogueira com gravetos. Queimado numa lamparina de barro, o azeite iluminava a noite e aquecia as mãos de um curandeiro, acariciava a pele de um homem cansado e de uma mulher em trabalho de parto. Ainda hoje, quando um bebê nasce nas colinas da Toscana, é lavado com azeite, pequenas doses esfregadas em cada uma de suas dobrinhas. Em seu leito de morte, um homem é ungido com esse mesmo óleo, sendo purificado de uma outra maneira. E, depois da sua morte, uma vela é acesa e seu corpo é friccionado com azeite, um banho de despedida. O azeite o acompanhou em todas as suas jornadas, exatamente como Atena havia prometido."
As oliveiras são árvores que vivem muitos anos. "São leais como as estrelas. Mas, mesmo quando estão juntas, são tristes, cada uma sozinha,com seu lamento primitivo. As mais velhas parecem torturadas, desajeitadas e grotescas. Como se tivessem guardado histórias demais, seu peito é fendido para revelar o coração valente. Mas até mesmo as mais jovens, ainda elegantes e ilesas, já carregam a marca de uma clara melancolia. Talvez as oliveiras saibam demais."
KAKAL,
ResponderExcluirEstou me deliciando com os detalhes e curiosidades de cada tema abordado por você.
Beijo
Bia