domingo, 27 de novembro de 2011

Viagem pelo Quintal

E por falar em viajar sem sair de casa, tenho viajado nos últimos dias pela poesia. Em menos de dez dias, tive duas oportunidades de estar com Alice Ruiz, poetisa que eu admiro muito. A primeira vez foi na Fliporto e, ontem, na Mostra Sesc de Literatura Contemporânea.

Conheci ontem Jardim de Haijin, o novo livro da Alice Ruiz, que é um mimo, de onde pesquei esses haikais:

chuva de flores
um dia inteiro
calçada macia

ao acordar
a cor da flor
dá o tom do dia

manhã de primavera
para toas as flores
dias de estréia


Suspirei, desejando um haikai pras acácias, que já começaram a florir pela cidade toda e têm me encantado e divertido com seu amarelo tão vivo.







No Jardim da Alice não tinha, mas lá pendurado ao lado do dela (os livros estavam pendurados no teto com linhas de nylon e pareciam frutas para serem colhidas) estava Hai-Quintal, da Maria Valéria Rezende.

Hai-Quintal: Haicais Descobertos no Quintal (2010 - Edição 1)

Nele, havia esse:


debaixo da Acácia,
chuva de flores de ouro
retardam meus passos


 
Sossegou meu coração, pois achei que alguém tinha feito minha justa homenagem.

Um comentário:

  1. No jardim de poesias, o fruto é a palavra, a afinidade, a emoção...

    Não caminho muito nesse jardim... o meu campo de lavandas favorito é o da prosa. Mas deixo, no seu jardim, um passeio pelo parque com a única poetisa portuguesa que já li:


    O algodão doce
    assustou-a
    a ponto
    de saltar do carroussel
    em andamento
    e de torcer um pé
    (Adília Lopes, O Poeta de Pondichéry e Maria Cristina Martins).

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