Mesmo o viajante mais aberto a experimentar os sabores que encontra pelas suas viagens sempre tem um item que fica... para uma outra oportunidade. No meu caso, esse item era o escargot. Já estive em restaurantes onde eram servidos, especialmente no litoral portugês, onde os caracóis são servidos em abundância. Mas eles sempre ficaram... para uma outra oportunidade.
Hoje, no mais improvável lugar e na oportunidade menos esperada, eu comi uma porção divinamente saborosa de escargots.
Em Paracuru, uma pequena cidade litorânea do Ceará, dentre os diversos bons restaurantes que fazem a alegria dos turistas e residentes, há um chamado "Fórmula 1,o Rei do Escargot". Talvez pela surpresa do cardápio ou inspirada pelo ambiente à beira-mar, resolvi ultrapassar minha resistência e me entreguei ao impulso de experimentar os caracóis.
Fiquei maravilhada com o sabor e até mesmo com os talheres especiais e o procedimento da degustação.Uma verdadeira iguaria.
O sentimento que fica depois da experiência é aquele de quando vencemos resistências infundadas: se eu soubesse que era bom assim, já teria comido antes!!!
Mineira de nascimento, com residência em Recife - PE. Batendo Perna não é um blog somente sobre viagens, mas um espaço para falar de coisas lúdicas que inevitavelmente estão ligadas às nossas andanças por aí...
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Inusitado
Eu vi num blog amigo a foto* deste restaurante, muito interessante. Trata-se de um Zeppelin rígido, em Los Angeles, EUA.
Isto me fez lembrar de "estabelecimentos" inusitados que eu vi nas minhas andanças por aí. Na rede dos albergues da juventude eu vi três exemplos, muito pitorescos.
O albergue de Lund, no sul da Suécia, funciona dentro de um trem, parado no meio do bosque. Neste eu cheguei a me hospedar e a atmosfera é agradabilíssima. Naquela oportunidade, era primavera e havia flores ao redor do trem, o que adicionava um aroma floral ao cheiro das árvores do bosque.
As cabines servem de aposentos e as refeições são servidas no vagão restaurante ou em mesas colocadas do lado de fora - se o clima permitir.
Isto me fez lembrar de "estabelecimentos" inusitados que eu vi nas minhas andanças por aí. Na rede dos albergues da juventude eu vi três exemplos, muito pitorescos.
O albergue de Lund, no sul da Suécia, funciona dentro de um trem, parado no meio do bosque. Neste eu cheguei a me hospedar e a atmosfera é agradabilíssima. Naquela oportunidade, era primavera e havia flores ao redor do trem, o que adicionava um aroma floral ao cheiro das árvores do bosque.
As cabines servem de aposentos e as refeições são servidas no vagão restaurante ou em mesas colocadas do lado de fora - se o clima permitir.
Além deste, pude ver ainda um albergue funcionando dentro de um navio ancorado, em Viana do Castelo, Portugal...
... e drentro de um avião aposentado, em Estocolmo, na Suécia.
A criatividade utilizada nas instalações desses "estabelecimentos" adiciona ao prazer de viajar a pitada da surpresa de situações inusitadas, que nos permitem experimentar sensações diferentes das proporcionados pelos padrões conhecidos.
Eu achei a experiência muito válida. Afinal, o intuito de viajar não é conhecer o novo???
* Foto do Chucrute com salsicha.
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
A obscura identidade da afeição
Que importa o sentido se tudo vibra?
Há muitos anos a minha amiga Adriana tem essa foto, com essa frase emoldurada. Sempre gostei muito da frase. Recentemente, perguntei-lhe de quem era e descobrimos que é da Alice Ruiz, de quem eu gosto muitíssimo. Dado o meu apreço por ambas (frase e autora), eu pensei: essa frase só podia ser dela!
Interessante que eu as conheci em épocas distintas, a frase ainda antes da autora. Com o tempo, tornando-me próxima dos seus textos e do seu estilo, lancei um novo olhar sobre a frase e pressenti nesta a feição daquela.
Talvez seja como a capacidade que desenvolvemos de reconhecer as pinceladas do pintor que gostamos ou a abordagem de cena do diretor que admiramos... um sexto sentido que reconhece a origem da afeição.
sábado, 8 de outubro de 2011
Poesia nos Açores
Certo dia decidi-me ir ao arquipélago dos Açores. Na ocasião, várias pessoas me perguntaram: "O que há nos Açores?" Diferentemente de outras ocasiões, nas quais partia com quase tudo organizado e sabia grande parte do que iria encontrar, desta vez eu respondia: "Não sei ao certo. Ouvi dizer que tem lindas cachoeiras..."
Das nove ilhas dos Açores, minha passagem aérea me levaria à ilha Terceira. Lá cheguei já quase às dez horas da noite, quando descobri que tinha reservado um hotel em São Jorge, uma ilha diferente. (!!!) Passados os instantes de estupefatação, o motorista de taxi me perguntou se eu gostaria de ir à Angra do Heroísmo- a maior cidade da ilha, mas que ficava distante -ou à Praia da Vitória, o vilarejo que ficava mais próximo. Foi assim que cheguei ao hotel Marina da Vitória, à noite, sem ter a menor idéia do que encontraria por lá.
Na manhã seguinte, o que espiei da janela não era nada intimidador, mas um lugar aprazível, de um mar calmo e convidativo...
Após um café da manhã reanimador, com especialidades açorianas, inclusive das outras ilhas (Uhha para o queijo de São Jorge!!!), aluguei um carro e parti para a exploração da ilha.
Na manhã seguinte, o que espiei da janela não era nada intimidador, mas um lugar aprazível, de um mar calmo e convidativo...
Após um café da manhã reanimador, com especialidades açorianas, inclusive das outras ilhas (Uhha para o queijo de São Jorge!!!), aluguei um carro e parti para a exploração da ilha.
A área rural tem os pastos divididos com murinhos de pedra, como na Escócia, só que de todo lado se enxerga o mar.
Mas, considerando que eu estava numa pequena porção de terra no meio do Oceano Atlântico, comecei a perceber que o tempo podia mudar de uma hora pra outra.
Na verdade, ele mudava várias vezes de uma hora pra outra.
Acostumando-me, então, com a instabilidade do clima na ilha, continuei na minha expedição, verificando o que tem nos Açores...
Tem mar,
tem vida selvagem,
tem recantos bucólicos,
tem caminhos intrigantes,
tem touros,
e tem poesia.
Poesia???
É, a Praia da Vitória é a terra natal de Vitorino Nemésio, poeta, escritor e intelectual do qual os açorianos têm muito orgulho.
Por todo o vilarejo da Praia da Vitória, que é encantador, tem referências poéticas aos mais variados poetas e escritores. O "Caminho dos poetas" é um projeto em que em cada rua tem um mural de azulejos pintados com alguma frase ou poema diferente.
Tem mar,
tem vida selvagem,
tem recantos bucólicos,
tem caminhos intrigantes,
tem touros,
e tem poesia.
Poesia???
É, a Praia da Vitória é a terra natal de Vitorino Nemésio, poeta, escritor e intelectual do qual os açorianos têm muito orgulho.
Por todo o vilarejo da Praia da Vitória, que é encantador, tem referências poéticas aos mais variados poetas e escritores. O "Caminho dos poetas" é um projeto em que em cada rua tem um mural de azulejos pintados com alguma frase ou poema diferente.
Agora, depois de ter estado lá, quando alguém me pergunta sobre o que tem nos Açores, além de tudo o que um turista pode esperar de lá, eu digo: Os Açores têm poesia.
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Nobel
É época de se falar dos prêmios Nobel.
Alfred Nobel nasceu rico, mas seu pai veio a falir. Antes, no entanto, que isso acontecesse, teve boa educação e aprendeu a valorizar o conhecimento. O dinheiro que custeia o pagamento dos prêmios anuais vem do fabuloso patrimônio que ele amealhou ao longo da vida, recebendo os frutos da patente da sua principal invenção: a dinamite.
Ao falecer, deixou uma herança de 32 milhões de coroas suecas e, a invés de contemplar seus herdeiros diretos, determinou a criação de uma instituição à qual caberia recompensar, a cada ano, pessoas que prestaram grandes serviços à Humanidade. Assim a Fundação Nobel gere os rendimentos da fortuna de Nobel e premia, a cada ano, os destaques do conhecimento nas seguintes categorias:
Nobel de Física (decidido pela Academia Real das Ciências da Suécia)
Nobel de Química (decidido pela Academia Real das Ciências da Suécia)
Nobel de Fisiologia ou Medicina (decidido pelo Karolinska Institutet)
Nobel de Literatura (decidido pela Academia Sueca)
Nobel da Paz (decidido por um comitê designado pelo parlamento norueguês)
Os nomes dos laureados são anunciados em outubro pelos diferentes comitês e instituições que realizam a escolha. Os prêmios são entregues na Câmara Municipal de Estocolmo, pelo Rei da Suécia, com exceção do Prêmio da Paz.
(Salão da entrega dos prêmios)
(Salão do baile em comemoração da premiação)
A entrega do Nobel da Paz desde a criação é entregue em Oslo, sendo presidida pelo Rei da Noruega.
Em Oslo pode-se visitar o Centro do Nobel da Paz, com um rico acervo não só sobre o Prêmio da Paz, como da histórria do próprio Alfred Nobel. Um lugar cuja visitação, acompanhada por guias muito preparados, é muito emocionante.
O Prêmio de Economia , na verdade, não é oferecido pela Fundação Nobel, mas pelo Banco Central da Suécia em memória de Alfred Nobel (decidido pela Academia Real das Ciências da Suécia).
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Marés
As horas sentada num banco da Praça se arrastaram preguiçosas como se dezoito anos não tivessem passado.
...Mas acontece que passaram e, desde então, tomou-me a sensação de que tenho - finalmente - um desfecho e que, daqui por diante, só me resta horas no banco da praça...
Enquanto isso, comecei a ver uma certa graça onde nunca a tinha percebido e me alegro sempre que a vejo...
A vida é assim: um fluxo constante de energias, que variam como as marés. A gente tem que surfar na maré alta e descansar o espírito na vazante, para estar pronta pra próxima lua cheia.
sábado, 1 de outubro de 2011
O dia em que...
Veneza é um lugar especial, pois a beleza se derrama por todos os lados, independente do poder aquisitivo ou do grau de conforto de quem a admira.
Um bom exemplo disso é que o Ostello Venezia (integrante da rede Albergues da Juventude) fica na Isla della Giudecca, uma localização privilegiada, que proporciona uma vista ímpar da cidade e um pôr do sol inigualável.
Certo dia... em maio último, hospedamo-nos no Ostello Venezia e uma coisa magica aconteceu. Quando saimos para bater perna por Veneza, logo de manhã, tinha uma pequena balsa, com um caminhãozinho encima, ancorada bem em frente ao Ostello. Achamos aquilo muito estranho, mas a surpresa maior nos envolveu ao voltarmos, no final da tarde, pois havia ancorado, colado à balsa com o caminhãozinho, um ferryboat enorme.
Fomos ao restaurante ao lado do Ostello, em cuja calçada se pode jantar apreciando o pôr do sol inigualável a que eu já me referi, e pusemo-nos a observar a movimentação que ocorria no ferryboat ancorado a poucos metros de nós. Dezenas de pessoas trabalhavam incessantemente, preparando, o que, a esta altura, já tinhamos adivinhado ser uma festa. Mesas eram montadas com fina porcelana e taças de cristal. Biombos de jasmin eram espalhados pelos ambientes. Telões e mesas de som eram montadas para transmitir imagens do palco, onde eram montados os instrumentos musicais.
Nosso jantar transcorria divinamente, regado a jarrinhas de vinho, quando ouvimos uma voz ao microfone, solicitando que todos os envolvidos na montagem da festa interrompessem o trabalho por dez minutos, pois "o artista" estava presente e gostaria de passar o som. "O artista" então pegou o microfone e pediu a banda que tocasse os acordes de "My Girl".
Eu, que a esta altura, já estava no céu (ou seja, na segunda jarrinha de vinho), disse: Uhuu, adoro My Girl!! E foi então que aconteceu a magia maior do episódio: eu ouvi uma voz poderosa, envolvente e sedutora cantando não só "My Girl" como várias outras belas músicas até que "o artista" se deu por satisfeito e disse: "Thank you. That's all folks". !!!
Eu, que a esta altura, já estava no céu (ou seja, na segunda jarrinha de vinho), disse: Uhuu, adoro My Girl!! E foi então que aconteceu a magia maior do episódio: eu ouvi uma voz poderosa, envolvente e sedutora cantando não só "My Girl" como várias outras belas músicas até que "o artista" se deu por satisfeito e disse: "Thank you. That's all folks". !!!
Aquela voz semelhante a do Louis Armstrong entoou músicas variadas, mas predominava em gênero o soul e o jazz e as letras eram todas em inglês. Intrigada, perguntei a um dos seguranças qual era o nome "do artista" e ele, com uma cara de que era muito óbvio, respondeu-me que era Mario Biondi.
Terminado o jantar, fomos dar uma caminhada pelas redondezas e apreciar o movimento da festa, que já tinha os primeiros convidados a chegar. Era, definitvamente, uma festa de luxo e as personalidades chegavam em lanchas, que na cidade funcionam como táxis aquáticos, vindos dos hotéis de luxo e dos enormes iates ancorados ali por perto.
Cansada de bater perna o dia todo e enebriada pelo vinho sorvido no jantar, subi para o nosso quarto, que ficava no segundo andar do Ostello Venezia e, lá chegando, completou-se a surpresa da noite. Nossa janela ficava praticamene dentro da festa. Servia como camarote e dava pra ver tudo o que lá acontecia.
Cansada de bater perna o dia todo e enebriada pelo vinho sorvido no jantar, subi para o nosso quarto, que ficava no segundo andar do Ostello Venezia e, lá chegando, completou-se a surpresa da noite. Nossa janela ficava praticamene dentro da festa. Servia como camarote e dava pra ver tudo o que lá acontecia.
Passamos horas acompanhando todo o movimento: a chegada dos convidados, o coquetel de boas vindas, a divisão dos convidados pelas diversas mesas espalhadas pelo espaço, o serviço do jantar e o início das músicas que embalavam o evento.
Foi assim que, quando eu já tinha tomado meu banho e feito todos os preparativos para me deitar, tinha chegado a hora "do artista" se apresentar. Deixei a janela aberta, pela qual se podia ver o céu de Veneza e dormi com Mario Biondi... cantando pra mim!!!
No dia seguinte, descobri que a festa tinha sido a abertura, para convidados, da Bienal de Veneza - o evento mais importante do 'mundo das artes' - e a recepção foi descrita assim pela Revista Vogue:
"Not far from there, the Fondazione Sandretto Re Rebaudengo from Turin and the Victoria-The Art of Being Contemporary Foundation from Moscow, directed by the Italian Teresa Mavica, partners in promoting and producing the exhibition, hosted the opening – the official inauguration will be held on June 1st – with an amazing formal dinner on a ferryboat, made special by light effects and big video-projection screens. In addition to tables with different shapes and colors, there were truck tyres, placed at the center of each table and filled with beautiful spontaneous flowers and fauve orchids, perspex chandeliers on cubes of the same material, a glittering bar counter on the prow. This magic and surreal décor with a disco 70s mood was curated by Matteo Corvino, metteur en scène, as usual, of the most important Venice parties; he also curated the party at Palazzo Grassi-Punta della Dogana, where the vernissage for Il mondo vi appartiene took place. During the dinner, several singers performed old favorite songs; later, Mario Biondi sang his most famous hits.
Patrizia Sandretto Re Rebaudengo, patronne of the Foundation with the same name, was stunning, wearing a black lace dress by Prada, embellished by a Haskell vintage brooch; she attended the event with her husband Agostino and son Emilio. Among the guests, Francesco Bonami, Massimiliano Gioni, Maurizio Cattelan, Ilya and Emilia Kabakov, the director of the MoMa in New York Glenn D. Lowry, Laudomia Pucci and Alessandro Castellano, Marta Marzotto and Marta Brivio Sforza, the duo of super designers Sawaya and Moroni, Jacaranda and Fabrizia Caracciolo, Carlo and Polissena Perrone, Victoria Mikhelson (president of Victoria Foundation in Moscow), Leonid Mikhelson (chairman of Novatek), Gennady Timtchenko proprietario della Gunvor, gli artisti Kabakov e Monastyrsky.. Martina Mondadori, beautiful in a Missoni outfit, was escorted by Peter Sartogo. Moreover, Alberta Ferretti, Brandino and Marie Brandolini d’Adda, Rudolf Stingel, Robert Storr, Caroline Bourgeois and Carolyn Christov-Bakargiev, Safia Al Rashid, Beatrice Bulgari and Francesca Versace.
Later that night, while the warm and unmistakable voice of Mario Biondi made everybody dance, other guests arrived on the boat, including Franca Sozzani, Bianca Brandolini d’Adda and Emanuela Schmeidler, Pietro Valsecchi and Camilla Nesbitt. The last event of the day, especially for younger guests, was held, as usual, at Palazzina Grassi's Bungalow 8."
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