segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Brevidade




Um dia desses, assistindo o filme "Larry Crowne, O Amor está de volta", percebi, numa das cenas que se passam na sala de aula da Professora Mercedes, a seguinte frase escrita na parede: "Brevity is a great charm of eloquence"*.

Fiquei com aquela frase na memória e, pensando na brevidade, lembrei-me inevitavelmente da Alice Ruiz. A primeira razão para a lembrança é que foi através dela que eu conheci  os haikais. Encantei-me pelos haikais pela imensa capacidade de transmitir tanta emoção com tão poucas palavras. Eu teria vários haikais dela para mencionar, já que considero muitos deles perfeitos.

Mas há ainda outra razão para a frase sobre a brevidade me lembrar Alice  Ruiz: é que há anos uma frase dela me serve de inspiração e tornou-se um mantra pra mim, na busca da difícil conciliação da verdade X sinceridade X coerência X respeito.

  

"Que o breve
seja de um longo pensar

Que o longo
seja de um curto sentir

Que tudo seja leve
de tal forma
que o tempo nunca leve."


* Frase que teria sido escrita originariamente em latim e é atribuída a Marcus Tullius Cicero.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Escuta interior


Recebi um texto da minha querida Camila, menina que vi crescer, que muito me emocionou, não só pela qualidade do texto, mas também pela sensibilidade das suas palavras:


Não sei dizer exatamente quando começou. Não sei dizer quando ele apareceu pela primeira vez. Não sei se foi culpa do meu vício perigoso em livros. Mas é mentira. Eu me lembro exata e perfeitamente de tudo: de como Hogwarts me foi apresentada, de como as formas e as cores e as vozes e os amores foram se tecendo diante dos meus olhos. Como mágica, eu poderia dizer por ironia. Começou quando eu tinha dez anos e a minha prima Andrea me mostrou um livro de nome estranho. “Poucas páginas.”, pensei assim que o vi. E lá naquele prédio à beira da Praia do Futuro, eu li as primeiras páginas de Harry Potter e a Pedra Filosofal. Algum tempo depois, minha mãe me comprou um exemplar. Eu o reli e senti tudo de novo. Como muitos, esperei – e me frustrei depois – a minha carta de Hogwarts. Eu me lembro de ficar na janela do apartamento da minha tia Idalba, na noite de natal (um mês e meio depois de ter completado onze anos), vendo as luzes e imaginando – com a minha mente colorida de criança – se eu poderia ser tão especial assim. Perdoe a minha inocência. Os outros livros vieram rápido demais. O meu preferido, o sexto livro, foi o que mais demorei a terminar. Muitas pessoas liam em três dias, uma semana. Eu, não. Eu me agarrava às páginas como se minha vida dependesse daquilo. Não esperava que alguém entendesse, mas foi com dezessete anos que o terminei e foi com dezessete anos que chorei como uma criança de onze. E quando acabou, quando o seu ar sombrio se depositou no fundo da minha cabeça, tudo o que eu pude fazer foi me apaixonar por um personagem chamado Severus Snape – talvez por existir nele muito de mim e do meu mundo que ninguém nunca vai conhecer. Você vai entender quando chegar lá.
 Harry Potter foi dono de muitas das minhas primeiras vezes: o quinto livro havia sido o maior que eu havia lido, até então. Foi o primeiro livro que me fez chorar. A Pedra Filosofal foi o primeiro livro em inglês que eu cheguei a ler por completo. Foi a primeira vez que eu me VESTI de um personagem e caminhei por um shopping cheio de gente que jamais entenderia o motivo. Foi dono das minhas primeiras madrugadas em claro. Foi o meu primeiro vício. Eram duas ou três da manhã quando a escritora J. K. Rowling divulgou o nome do sétimo e último livro da saga Harry Potter. O lançamento mundial (em inglês) aconteceu no dia 21 de julho de 2007. E eu estava na antiga livraria Siciliano do shopping Iguatemi, esperando pelas caixas que chegariam em algumas horas. Duas ou três pessoas estavam com os olhos vermelhos – eu me perguntei o porquê. Era tarde quando os vendedores da livraria entraram com caixas e mais caixas de exemplares novinhos e pediram para que nós fizéssemos uma fila. Confesso que existe um espaço em branco na minha cabeça entre o momento em que eu o abri pela primeira vez e o momento em que cheguei no capítulo “A Rua da Fiação” – não, esse não é o nome do último capítulo, eu sei. Se você não leu, meu caro, não deve estar entendendo nada do que eu estou falando; se você viu apenas os filmes, talvez ache que estou exagerando. Então, eu peço, dê-se a chance e leia a saga. Eu não prometo que os seus arrepios serão iguais aos meus, eu não prometo que você se sentará na poltrona do cinema – à meia noite do dia 15 de julho de 2011 – e chorará como eu chorei, nem que terá os mesmos motivos que eu para sentir o que eu senti, motivos esses que não cabem escrever aqui por serem pessoais demais. Mas me cabe nesse exato momento – no mínimo – uma última confissão: Harry Potter me salvou. De todas as formas possíveis. Em todos os pontos que hoje formam a minha consciência e as minhas vitórias. Em seus detalhes e em suas palavras frágeis. Talvez um dia você entenda, talvez não. Eu, sinceramente, espero que sim. Farei vinte anos em dois meses e, hoje, fui para a faculdade com uma blusa escrita em letras grandes “I have stuck with Harry until the very end.” (Tradução: Eu fiquei com o Harry até o fim.) Eu terei vinte anos, eu poderia ter setenta, as minhas pernas sempre ficarão fracas quando eu reler os seus livros – como se fosse a primeira vez. Os seus personagens serão meus melhores psicólogos, suas folhas serão minhas melhores amigas, eu prometo, mas essa promessa eu fiz há muito tempo, sem saber. Naquela noite, quando a Andrea me entregou o livro pela primeira vez. 
A Warner Bros. (que produz os filmes de Harry Potter) está usando o slogan “Tudo acaba aqui” no pôsteres do último filme, mas eu digo: não acaba. Pois “Hogwarts sempre estará lá para aqueles a que ela recorrerem.” A professora McGonagall não poderia estar mais certa quando disse, em uma das primeiras páginas da Pedra Filosofal:“Ele vai ser famoso, uma lenda. Eu não me surpreenderia se o dia de hoje ficasse conhecido no futuro como o dia de Harry Potter. Vão escrever livros sobre o Harry. Todas as crianças no nosso mundo vão conhecer o nome dele!”Por fim, eu agradeço a J. K. Rowling por ter me concedido uma infância secreta que em silêncio eu guardei no meu coração. E é pra sempre. 
(Camila Lopes, 15 de julho de 2011. Escrito logo depois de chegar da pré-estréia do filme Harry Potter e as Relíquias da Morte).

Muito frequentemente me deslumbro com lugares que visito e histórias que leio e me pergunto como é possível tal arrebatamento.  Recentemente li um trecho de um livro que lança luzes sobre a questão:

"Penetramos numa história pela porta da escuta interior. A história falada toca no nervo auditivo, que atravessa a base do crânio até chegar ao bulbo do cérebro logo abaixo da ponte de Varólio. Ali, os impulsos auditivos transmitidos para cima para o consciente ou, segundo dizem, para a alma... dependendo da atitude de quem ouve.
Antigos anatomistas falavam de o nervo auditivo dividir-se em três ou mais caminhos nas profundezas do cérebro. Eles concluíram que o ouvido devia, portanto, funcionar em três níveis diferentes. Um deles seria o das conversas rotineiras da vida. Um segundo seria dedicado à aprendizagem e à arte. E o terceiro existiria para que a própria alma pudese ouvir orientações e adquirir conhecimentos enquanto estivesse aqui na terra."*

Talvez esse arrebatamento seja possível quando deixamos entreabertas as janelas da alma.

*Clarissa Pinkola Estés

sábado, 10 de setembro de 2011

Deliciosa disputa

É comum, nos mais diversos lugares, haver uma disputa pra definir quem melhor representa a culinária típica de um lugar. Quando o objeto da disputa são doces, recrudesce a competição. É assim com os bolos de rolo de Recife, as queijadinhas de Sintra... e os macarrons de Paris.


A primeira vez que os experimentei os macarrons foi em Beaugency sur Loire, apresentados pela minha amiga Dri, e estavam sublimes. Desde então, viraram uma paixão, mas raríssimas vezes encontrei uns tão bons quanto da primeira vez.

Minha sobrinha Amanda então me deu a dica de que "os melhores macarrons de Paris" eram disputados pela Lauderée...





 ... e pela Fauchon.





Tentar julgar esta disputa é uma das mais saborosas aventuras a que me dispus. É se embrenhar nos recônditos da textura, sabores e consistências. É tarefa para muitas tentativas...

Como ir a Paris não é uma coisa que se possa fazer amiúde, a vontade de saborear os macarrons vinha sendo ocasionalmente aplacada na Douce France, em São Paulo... e no Daniel Briand, em Brasília. Mas hoje me deparei, em pleno Shopping Recife, com um quiosque da Canelée Massé...


Vai dar pra levar essa paixão adiante!!!


Fauchon - 30 Place Madeleine, Paris 
Lauderée - 16, rue Royale - 75008 Paris
Douce France - Alameda Jaú, 554 São Paulo
Café Daniel Briand - Cln 104, Bloco A, Loja 62 - Brasília

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A promessa da quietude é bonita demais

Pra tudo na vida é preciso um pouco de sorte.

Em 2008, quando estava de viagem marcada para Nova York, recebi uma newsletter do Museu Van Gogh, de Amsterdam, informando que tinham elaborado uma exposição temporária, chamada “Van Gogh and the Colors of the Night”, reunindo todas as principais telas nas quais ele pintou paisagens noturnas. Senti que a sorte estava me sorrindo quando li que a tal exposição seria exibida primeiramente no MOMA de Nova York e somente depois iria pra Amsterdam.

 Fiquei empolgadíssima, porque Van Gogh é o meu pintor predileto e as suas obras estão espalhadas pelo mundo. Que oportunidade rara poder apreciá-las numa oportunidade só. Especialmente, porque, finalmente iria poder ver a que eu considero a mais bela delas: Starry Night, que faz parte do acervo permanente do MOMA.

Tendo chegado em Nova York, uma das primeiras coisas que fiz foi ir ao MOMA. Chegando lá, descobri que era sexta-feira e que às sextas-feiras o acesso é gratuito. Desconfiei, nesse momento, que a sorte estava flertando comigo.

Depois do meu livre acesso, um breve temor me acometeu ao descobrir que a exposição do Van Gogh só poderia ser visitada com hora marcada. Eu ainda teria uma semana em Nova York, de modo que eu poderia tentar marcar um horário para vê-la em outra oportunidade, mas toda a racionalidade do mundo não foi o suficiente para me dissuadir de negociar com a amiga que estava comigo a permanência lá por mais umas horas e de tentar com todo e qualquer funcionário do museu que cruzava o meu caminho um modo de ter acesso à exposição.

Senti que a sorte definitivamente me desejava quando uma funcionária da limpeza, que havia notado a minha ansiedade, me confidenciou que se eu esperasse, incógnita, junto à porta da exposição, no horário da última visita, o porteiro talvez me deixasse entrar.

Eu nem esperei  chegar a hora do ingresso da última visita e me plantei, feito poste, na porta de acesso da exposição. Muitas pessoas abordaram o porteiro e foram escorraçadas de lá. Eu não  me aproximava nem me afastava: simplesmente esperava, sem olhá-lo nos olhos, para não dar margem a um "olhar de expulsão".

Quando faltavam cinco minutos para a última visita, um casal se aproximou dele, falou praticamente sibilando e ele fez um gesto para que esperassem ao lado e, como um milagre, virou-se pra mim e disse que se eu quisesse entrar, esperasse com eles. Foi assim que eu percebi que a sorte me amava e entrei para ver a exposição.

A mostra tinha muitas telas e mostra como Van Gogh foi penetrando nas cores da noite simultaneamente ao adensamento dos seus problemas emocionais. Ele dizia que as cores da noite eram o remédio paliativo pra sua dor.  Fui contemplando belíssimas telas que eu não conhecia e fiquei de tal modo enebriada que foi com um susto que eu percebi que eu estava diante dela: Starry Night.



Eu não sei o que eu esperava, mas ela é grande, muito maior do que eu supunha. As camadas de tinta se sobrepõem de uma forma tão intensa que era possível imaginar a paixão com que as pinceladas foram ministradas. As cores eram tão vivas, que pareciam frescas e que podiam derreter a qualquer momento. Quando eu percebi, chorava muito. Uma emoção enorme me arrebatou e eu nem tentei conter as lágrimas, porque percebi que aquilo era algo que eu não conseguiria fazer sozinha.

Desde então me intriga o poder que a arte exerce sobre nós. Senti-o, apesar de não saber explicá-lo.

Algum tempo depois deparei-me com um texto de Eduardo Galeano, que exprime a emoção de ser sobrepujado pela beleza:

"A função da arte/1
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul.
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto o seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
- Me ajuda a olhar!"


1) Landscape at Twilight
2) Starry Night over the Rhone
3) Starry Night
4) Pra quem quiser conhecer, vale a pena dar uma olhada na exposição online: http://www.moma.org/exhibitions/2008/vangoghnight/flashsite/index.html


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

É tempo de Tênis... e de Veneza.

É tempo de  US Open (28/08 a 11/09), o último dos Grand Slam da temporada.


Ontem eu ouvi no Manhattan Conexion que só na cidade de Nova York há 595 (quinhentas e noventa e cinco) quadras públicas de tênis. Isso é impressionante!!

Enquanto eu assisto esses torneios pela televisão, espero o dia em que o meu ângulo de visão do jogo possa ser esse:


Enquanto isso, em Veneza,  acontece o 68º Festival de Cinema (31/08 a 10/09). Como se a cidade já não fosse deslumbrante o suficiente, agora as figuras ficam circulando por lá de táxi aquático.


Al Pacino ganhou no prêmio especial do Festival.


Ainda bem que eu não posso sair daqui no momento, pois eu ficaria numa séria dúvida sobre qual dos dois destinos escolher, hahaha.

domingo, 4 de setembro de 2011

As time goes bye

Os quarenta batem à porta e, pelas janelas, as comadres esperam afoitas para escutar a resposta que se lhes darão... É como se, à esta altura, devêssemos estar bem seguros de, senão saber o que queremos da vida, pelo menos saber a forma ideal de reagir à situação.

"You really don’t think about getting older. First of all, you’re aging together and when you see a person constantly you don’t notice big changes. Like you don’t notice, oh you’re getting a little wrinkle here and tomorrow you say oh it’s a little deeper. No those are things that just happen. You dont pay attention to those things. You dont realize it.. really . You dont realize that you’re.. I mean I’m not thinking everyday, oh my husbands 83 years old he’s gonna be 84. Oh my goodness, I’m married to an old man. And I hope he feels that way too."



Dentre todos os momentos  -  alegres, intensos, melancólicos, estressantes, arrebatadores, tranquilos, difíceis, fulgazes... -, só tem um que me dói. É aquele em que me vejo no espelho refletida, constato - até com certo orgulho - o reflexo dos anos bem vividos e não consigo evitar o pensamento que me invade: lá se foi mais um tanto da minha juventude sem que ele me tocasse novamente...



"Forty is the old age of youth; fifty is the youth of old age."

"We are young only once, after that we need some other excuse."


1) Foto e depoimento copiado do Don't Touch My Moleskine
2) Saudade do Pintor Almeida Junior
3) Victor Hugo
4) Autor desconhecido




sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Desejos

Na maioria das vezes, é difícil dizer o que vem primeiro e acende a chama do desejo.

Percebe-se um interesse até então inexistente e, uma vez reconhecido, ele passa a crescer. Em alguns casos, a chama arde com tanta intensidade que o desejo evolui para uma necessidade premente. Noutros, a chama vai se esvaindo lentamente até que o desejo se faça lembrar por apenas uma fluida fumaça no ambiente da alma.

 
Em alguns casos, no entanto, a origem do desejo é muito clara. Foi o que aconteceu quando ganhei da minha amiga Dri, o livro A Dama e o Unicórnio.

 "Paris, 1490. O nobre Jean Le Viste contrata o carismático e talentoso, porém ambicioso, miniaturista Nicolas des Innocents para desenhar seis tapeçarias comemorativas de sua ascensão na Corte. Ao conseguir convencer seu patrono a trocar o tema original da obra - a representação da sangrenta Batalha de Nancy - por um conjunto de imagens representando os cinco sentidos, Nicolas dá início a um projeto grandioso que poderá levar à glória ou à decadência. Enquanto isso, o artista encanta-se pela belíssima filha de La Viste e passa a conhecer intimamente todos os padrões e texturas de um mundo de tentações e frágeis relações. "




O livro é uma delícia e Tracy Chevalier cria uma ficção de como teriam sido produzidas as monumentais tecelagens que compõem o conjunto homônimo de seis tapeçarias, que é considerado como uma das grandes obras de arte medieval. Elas são expostas no Museu de Arte Medieval, o Museu de Cluny, em Paris.

Daí surgiu o meu desejo de ir ao Museu de Cluny ver, pessoalmente, as tapeçarias sobre as quais, no livro, apreendemos os mais minuciosos detalhes: o suposto significado das figuras, as técnicas de tecelagem, os estilos e utilização das cores.


Estar diante delas supera quaisquer expectativas. Elas são enormes, magnificentes, intrincadas, deslumbrantes.


Cada uma das cinco tapeçarias menores representa um dos sentidos, que podem ser descobertos por detalhes de cada uma das suas intrincadas tramas.



            
        

 No meio delas, está a sexta e maior tapeçaria, que, segundo elucubrações, representaria o amor.

Na tenda acima dos personagens, está escrito "Mon Seul Desir" (meu único desejo).

Ali, na sala 13 do Museu de Cluny, pensei ter um desejo meu realizado.  Mas, ao me ver na penunbra daquela sala redonda, cercada da intensidade daquelas tapeçarias, diante daquela frase hipnotizante, ocorreu-me que desejos não se satisfazem, pois são chamas, mas somente arrefecem, até que a brisa do destino as sopre novamente...